Sobre larica e o tal do dedo podre

(Foto: We Heart It)
(Tu podes ler ouvindo Jão - Vou Morrer Sozinho)
Sim, eu sei que o título desse texto pode parecer meio estranho à primeira vista, mas prometo que vou pelo menos tentar fazer algum sentido até o ponto final.
Todo mundo tem um amigo ou amiga que tem o famoso “dedo podre”; eu mesmo já fui esse amigo e, até pouco tempo atrás ainda era, mas sabe o que aconteceu? Eu entendi que o problema não tava do lado de fora. A culpa não era do outro que não prestava – “não prestar” é um problema do outro e não seu –, o problema tava muito e muito fundo... dentro de mim.
A gente tá sempre correndo atrás de alguma coisa: dinheiro, carro, celular “daora”, uma casa própria, um action figure do herói ou vilão que tá no nosso coração, roupas da moda, amor...
Opa! Amor? Sim. O amor tá sempre aí no nosso radar de busca e nós buscamos um amor da mesma forma que procuramos comprar uma Coca-Cola pra matar a sede. Percebe? Nós buscamos um amor da mesma forma que buscamos aplacar uma vontade com placebos – porque um refrigerante pode até matar a tua sede na hora que tu estiveres bebendo, mas segundos depois ela tá ali, incomodando de novo, te fazendo querer mais, beber mais até conseguir um bom copo de água gelada. O ponto que eu quero chegar nessa viagem toda é: quando se está com fome – ou sede – qualquer coisa serve!
A larica e o dedo podre entram aqui nessa relação. Para pra pensar: se quando estamos com fome – larica – qualquer pipoca sem sal parece um manjar, quando se está carente, qualquer meia bosta serve pra preencher esse vazio. A gente tá sempre querendo preencher os nossos vazios e nisso ocorrem os recorrentes casos de “dedo podre”.
Claro que um erro ou outro é algo inevitável, afinal, somos humanos. Mas quando você vem numa sequência de erros, talvez tenha chegado a hora de parar, refletir e se perguntar algumas vezes: será que eu realmente tenho o dedo podre, ou será que eu to só numa puta de uma larica emocional? Será que eu to bebendo Coca-Cola quando tudo o que eu preciso é só um simples copo de água? Será mesmo que eu to com ele(a) porque essa pessoa me faz bem, me bota pra cima e soma comigo, ou eu só to com ela(e) porque a carência bateu e, por isso, prefiro fechar os olhos pra tudo aquilo de ruim que eles me fazem ou causam? – e olha que eu não to falando só de uma relação amorosa.
Que tal a gente parar de procurar um amor só pra preencher um vazio e começar a procurar por paz? Que tal buscar ficar em paz? Que tal buscar, de pouquinho em pouquinho, nos amar de verdade? Afinal, meus queridos, quando estamos em paz com nós mesmos, quando nos amamos, por um pouquinho que seja; quando estamos bem alimentados, meios amores já não são mais suficientes e a larica não dá espaço pro tão escroto “dedo podre”.

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