Sr. Avestruz




                Sabe, às vezes eu queria ser um pouco mais expressivo, um pouco mais intenso, um pouco mais falante, um pouco mais tím... Não, não, espera. Timidez já tenho de sobra. Na verdade, eu queria ser um pouco menos tímido. O que to tentando dizer aqui é: acho que eu queria ser um pouco mais “dado”, sabe como é?
                Sei lá, às vezes seria legal não ficar aquele silêncio constrangedor todas as vezes que to tentando conversar com alguém, ou mesmo a “falta” de assunto – assunto sempre tem, eu é que não consigo falar mesmo -, ou ainda a vontade de sair correndo e enterrar a minha cabeça num buraco todas as vezes que o crush passa e fala comigo – eu sei, eu sei problemas adolescentes na vida adulta. Lide com isso.
                A gente cresce, fica velho, aprende a lidar com um montão de coisas, mas é só aparecer alguém demonstrando interesse – qualquer que seja – que a gente volta pros 15 anos. Coisas da vida.
                Mas sim, eu tava falando sobre timidez, não é? Pois então, sou tão travado que nem aprender a sorrir direito consegui aprender. Meus amigos que o digam:

                - Sorri pra foto! – eles dizem.
                - Eu to sorrindo – a resposta é super constrangida e aí quando vou ver a foto, meu rosto tá fazendo qualquer coisa, menos sorrindo! É complicado.

                Às vezes, eu me sinto um pavão no corpo de um avestruz, sabe como é?
                Bom, lembra o que eu disse no começo desse texto? Pois então, acho que esse é só mais um daqueles casos de “querer o que não tem”, né? Mas seria bom ser um pouquinho menos tímido. Só um pouquinho!