Fio
a fio, mecha por mecha, a cada dia que passa menos colorido. A cada dia, vejo a
água lavando as cores, levando a graça, a leveza, a maciez, desbotando tudo.
Dia
após dia, vou vendo a metamorfose das cores: o roxo se tornar vinho; o vinho,
azul; o azul, verde e o verde... cinza. Logo eu que sempre gostei de colocar
cor em tudo! Desde um quadro em branco, colorindo com guache e pincel ou cola e
glitter, ou uma folha de caderno com grafite e giz de cera, até os fios que
crescem milímetro a milímetro na minha própria cabeça.
Eu
sempre gostei de ver as cores de tudo: um semáforo vede se tornar vermelho –
apesar de o contrário ser bem menos irritante para a maioria das pessoas – ou
ocasionalmente se tornar amarelo; um céu nublado se tornando azul – eu até que
gosto desse tom de cinza de vez em quando –, com as nuvens abrindo espaço para
os raios de um sol amarelo e vivo; as flores vermelhas, misturadas das folhas
verdes que enfeitam o campus da universidade aqui e ali; até mesmo a trilha
amarela pintado na calçada dessa mesma universidade, que muito me lembra um
certo caminho de tijolos que levam uma certa garotinha – com um belo par de
sapatos! – até uma certa cidade de um certo filme...
Gosto
até mesmo de ver as cores nas músicas que embalam o meu dia a dia: o tom azul e
melancólico na voz das Amys – Winehouse e Lee –, o laranja irradiante da Gadú,
o vermelho intenso da banda Creed, o verde do Tiago Iorc, o arco-íris que faz
todo o inverno passar mais que depressa do meu querido Leo Fressato... E assim
se vai.
Mas,
apesar de tudo isso, eu que sempre gostei de por alguma cor em tudo quando olho
através do espelho me vejo assim, meio apático. Logo eu, apesar de todo o
arco-íris, acabei meio sem vida, meio sem cor. Logo eu, no meio de tantas
cores, acabei ficando meio desbotado...