Sabe
o que é, pequeno? Acho que levei um tiro cruelmente certeiro onde eu achava que
deveria ficar o meu coração. E não é que eu descobri que ainda tinha um batendo
ali?!
Tu
acreditas nisso?!
Pois
é! Te vi sorrindo e, assim, do nada senti uma dor ali. Era como se alguma coisa
tivesse perfurado as minhas costas e atravessado, saindo rasgando, destruindo,
matando toda a dormência que tinha se instalado ali. Levei a mão ao peito e –
surpresa! – não tinha sangue, só um coração que parecia florescer no peito.
E
desde então passei a mapear o teu corpo com o meu olhar, te gravar em mim nos
mais mínimos detalhes: teus olhos castanhos aguçados e cortantes, teu sorriso
certeiro como uma bala, a veia que saltava no pescoço, a voz diatônica,
gritada, rouca, as mãos de dedos longos, os cachos malcuidados, os dentinhos
separados...
Não
tinha sangue, acreditas?!
Levei
um tiro e sequer sangrei. Meu coração ao invés de parar, só se danou a bater
mais rápido e tudo isso é culpa tua, cara! Tua e só tua.
Sabe
o que é, pequeno? Acho que levei um puta tiro no instante em que te vi sorrir.