E
os dias inevitavelmente foram passando.
Os
olhos fitavam o vazio, a boca reunia palavras que eu sabia que jamais seriam
ditas novamente, o corpo ainda tentava se acostumar com a tua ausência, a cama
agora parecia ter ganhado alguns quilômetros a mais e o teu cheiro teimava em
não sair do teu... do meu travesseiro, não importando quantas vezes eu o
levasse ou quantas pessoas deitassem sobre ele, teu cheiro teimava em
permanecer ali.
Por
mais que eu queira ou tente, te esquecer virou uma tarefa das mais árduas do
dia a dia. Ainda mais com o teu cheiro no teu... no meu maldito travesseiro e em todos os malditos lençóis, com meu
corpo ainda tentando esquecer o teu calor e as marcas que tuas últimas carícias
deixaram.
A
mesa do café também ganhou uma dimensão bem maior do que sabemos que ela
realmente tem. Sei lá, ainda é estranho acordar e não te ver com a cara
amassada, o cabelo desgrenhado, os olhos risonhos com eternas olheiras embaixo,
segurando uma xícara de café em uma mão, um livro na outra e conversar contigo
as últimas notícias antes de ir ao trabalho...
Acho
que não preciso nem dizer que sonho contigo quase todas as noites, não é mesmo?
E quando não sonho, quando os céus me contemplam com uma noite de total
escuridão, acordo com o teu nome a explodir dos meus lábios.
A
verdade, meu anjo, é que aquele adeus deixou um vazio enorme não só no espaço
ao lado da cama, mas também no meu peito, na minha vida, na minha alma.
A
verdade, meu bem, é que aos poucos eu fui perdendo o sono, fui perdendo a
calma, fui perdendo a paz, fui perdendo as forças, fui perdendo o ânimo, fui
perdendo as cores, fui perdendo a leveza.