Sabe,
um dia, meu bem, eu ainda desisto disso tudo. É. Pego minhas coisas, peço
minhas contas, saio por essa porta, jogo tudo pro alto e enfim me esqueço de ti.
Sim, me esqueço de ti!
Esqueço
da inebriante fragrância do teu cheiro. Esqueço da perturbante sensação de
estar nos teus braços. Esqueço da forma acelerada que meu coração teima em
bater sempre que te vejo. Ah! Esqueço também do aperto no peito sempre que tu
te vais ou quando a saudade machuca gritando o teu nome. Esqueço, meu bem, que
um dia cheguei a chamar de amor o que sinto por ti.
Um
dia, querido, jogo tudo pro alto e apenas vou. Vou embora e nunca mais irei
sequer olhar pra trás. Qualquer dia desses pego minhas malas e vou embora pra
bem longe, o mais longe que esse mundão me permitir ficar de ti. Quem sabe um
dia eu até me esqueça de como é sentir a tua falta? Assim como tu já te
esqueceu de como é sentir a minha...
Um
dia, meu bem, eu ainda desisto disso tudo. Desisto de ti, sem desistir de mim,
mas desistindo de nós.
Um
dia desses eu ainda pego as minhas coisas, fecho todas as contas, pago todas as
consequências, passo por essa porta, jogo tudo pro alto, escrevo um livro,
talvez até plante uma árvore e enfim me esqueço de ti.
Vai
doer? Vai. Mas, como dizem, o tempo cura tudo. Até mesmo um amor fadado ao
fracasso como esse nosso.