Mágoa




                Chegastes, querido, e tudo o que eu mais quis naquele momento foi sumir! É, sumir!
                Te ver me fez subir um nó pela garganta, um aperto no peito se fez presente – e a cada segundo que estavas perto ele só fazia crescer –, as lágrimas, que guardei com cuidado e calma por meses, ameaçaram ressurgir e um sorriso torto e sem jeito se fez presente, me curvando timidamente os lábios.
                Não que você se importe, mas é isso o que os outros costumam chamar “mágoa”?
                Esse te ver e não querer ou sequer suportar ficar no mesmo cômodo que tu, meu bem, é isso essa tal mágoa?! Esse mal estar, como mariposas – não borboletas – dançando no estômago?! Essa vontade de gritar sempre que meus olhos encontram os teus?! Essa ânsia sempre que teu cheiro me atinge?!
                Isso é essa tal mágoa?!
                Não vou negar que os sentimentos bons que havias conquistado ainda estão por aqui, mas também não nego a quase morte dos mesmos. O golpe foi forte, meu anjo. A punhalada foi precisa e até hoje tento fechar a ferida.
                Sabe, querido, acho que a mágoa é tipo uma paixão virada de ponta-cabeça.
                Ah, me desculpe se estou falando alguma “abobrinha”, mas é que esse é um sentimento muito novo para mim. Ainda estou me habituando a ele, sabe? Mágoa... Até a sonoridade da palavra me parece estranha. Assim como te abraçar!