Dormi - o conto de uma noite






                Deitado ao meu lado, seu corpo enviava pequenas correntes elétricas ao meu sempre que sua pele tocava a minha.
                Quando meus dedos, inconscientes, tocaram seu antebraço, traçando uma linha que ia do pulso ao cotovelo, sequer me dei conta do movimento. Exceto, é claro, pelo arrepio que me correu a pele, deixando arrepiados os pelos do meu próprio braço.
                Não houve objeção ou qualquer forma de protesto. Apenas um suspiro de aprovação.
                Meus dedos então continuaram o percurso, mais atrevidos talvez, traçando linhas e círculos irregulares pelo braço, ombro, peito, barriga; passando pelo umbigo, sentindo o seu arrepiar e então subindo novamente.
                Toquei seu rosto levemente, passeando com os dedos pelos seus lábios e sentindo a curva insinuante deles, senti também o pinicar da barba recentemente tirada e então lhe beijei a nuca.
                Outro arrepio.
                Quando meus lábios enfim tocaram os dele, a princípio suaves e logo mais intensos, foi a minha vez de me arrepiar com a eletricidade que me percorreu todo o corpo. Sim, eu havia ansiado por aquele momento a tarde e a noite inteira, mesmo que não houvéssemos trocado muitas palavras durante o dia.
                No quarto escuro, fechei os olhos e aproveitei a mão que me tocava o rosto com carinho e, depois de ele me plantar um beijo doce em minha bochecha, dormi com a cabeça em seu peito, sentindo a mão que me afagava os cabelos e as batidas ritmadas do seu coração.