Aquele
estrondo vindo do céu era o prelúdio de uma tarde inteira de chuva.
Os
sapatos já estavam nos pés, prontos para serem postos em ação nas ruas da
cidade e eu enrolava ao máximo para entregar a tua jaqueta, torcendo para que
não demorasse muito. E não demorou. Poucos minutos após aquele som, pudemos
ouvir as primeiras gotas caírem no telhado.
Pingo.
Respingo. Pingo.
Em
segundos, o céu desmoronava lá fora.
-
É, acho que eu sou voto vencido aqui! – você exclamou, erguendo os braços em
rendição e se abaixando para retirar novamente os sapatos.
Assistimos
a um filme qualquer desses estilo “Sessão da Tarde”, jogamos uno, baralho,
dominó, você fez alguns truques de mágica; cantamos John Mayer, Avril Lavigne,
Pink, Ed Sheeran, Rick Martin, Evanescence e Linkin Park só para ver quem
tirava a melhor pontuação no karaokê. Sentamos no chão, frente a frente, e
falamos sobre o futuro, o passado, o presente, nossos medos, certezas e sobre a
temporada de inverno de animes.
Por
fim, deitamos na cama lado a lado, você me abraçou, eu fiquei brincando com uma
mecha do teu cabelo e adormecemos antes que terminássemos de cantarolar “Hello”,
do Lionel Richie.
Quando
despertei, você já não estava mais. O espaço ao meu lado na cama estava vazio,
o abajur que havíamos quebrado durante a correria do “pega-pega” também não estava
no canto do quarto, era de manhã e o sonho havia acabado.