Talvez
eu devesse escrever um pouco hoje. Talvez eu devesse escrever um pouco mais...
E
eis que depois de escrever a frase inicial eu já não sabia mais o que dizer.
Pois é, logo eu que sempre soube sobre o que e como transformar em palavras os
sentimentos que comumente me inundam e me afogam, fiquei horas parado e olhando
para a tela do computador, ao som de Amy Winehouse e buscando em cada canto de
mim sobre o que e como escrever.
Talvez
eu devesse escrever sobre aquele dia mágico no qual conheci um dos caras mais
incríveis do mundo e que no final do dia comi lasanha no jantar, o dia em que
fui dormir nas nuvens e sem medo algum de cair e dar de cara com o chão mais
uma e outra vez. Ou talvez eu devesse escrever sobre aquele dia no cinema, o
dia que a animação era fraca, mas a companhia era a melhor possível. Ou talvez,
ainda, eu devesse escrever sobre aquele dia no qual meu corpo transbordara de
prazer e as marcas em ambos os corpos eram extremamente evidentes.
Talvez
eu tenha me esquecido como se faz para metaforizar sobre os olhos cor de âmbar
de um certo alguém, sobre os lábios vermelhos de outro, sobre a vida, o amor, o universo, etc, etc...
Talvez...
Talvez...
Talvez
eu não saiba sobre o que escrever porque talvez eu não saiba sobre o que
sentir. Talvez eu tenha me deixado acostumar com esse “não sentir” e o vazio
que se instaurou seja maior que o coração acelerado, os olhos marejados ou o
corpo tremulo de puro prazer e deleite.
Talvez...