Chamada encerrada


Pensei em te ligar, dizer o quanto tenho sentido tua falta nesses últimos meses em que tens me afastado e afastado cada vez mais. Até digitei teu número e apertei o botão “chamar”, mas logo em seguida preferi cancelar a chamada.
Eu sabia que apesar da momentânea alegria que te ouvir dizer “alô?” me causaria, um arrependimento sem tamanho me invadiria no primeiro segundo depois disso. Bem, para não desligar na tua cara, resolvi encerrar a chamada antes mesmo de completar.
Deixei o celular de lado e me joguei na cama. Infelizmente no exato momento em que fechei os olhos vi teu rosto, teus olhos castanhos, teu sorriso meio tímido, ouvi tua voz. Coisa de doido, né não?
Peguei o celular novamente e digitei teu número de novo. Coloquei para chamar e mais uma vez desliguei antes que chamasse, afinal, o que eu diria? “Ei, er... sabe, eu... bem... sabe, to com saudade!” Não, né.
“Uma mensagem pelo menos, uma mensagem não mata ninguém”, pensei. Até digitei um texto bonitinho dizendo o quanto tens feito falta, mas já passamos por isso antes, não é mesmo? E eu seria ignorado como da última vez.
Certo, resolvi ignorar tudo e ouvir uma música legal. Liguei o player do celular, coloquei os fones e no aleatório tocou aquela tua banda favorita. Automaticamente me veio a lembrança de quando te vi dançando e me peguei sorrindo.
Mas que inferno?! É, parece até que o dia foi perfeitamente encomendado para eu não conseguir te ignorar.
Digitei teu número de novo e dessa vez não desliguei antes de completar a chamada. Te ouvi dizendo “alô?”, sorri e de fato me arrependi.

Então, sabe aquela chamada na qual tu ficastes no vácuo? Pois é.

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