(Tu podes ler isso ouvindo: Glória Groove - Olha o que o amor me faz)
O quinto e último estágio foi a aceitação.
E eu nem sequer sei como esse texto aqui deveria começar, porque depois
de meses nessa frequente inconstância entre negação, raiva, negociação e depressão,
chegar na aceitação foi quase uma vitória. Quase.
Eu enfim havia aceitado que a paixão tinha me pegado, que eu tinha
tentado escapar e mesmo assim não tinha conseguido – igual naquele pagode do
início dos anos 2000. Eu havia enfim entregado o meu coração para alguém e esse
tal alguém nem sequer saberia disso algum dia. Era um misto de frustração e
satisfação tão grandes que eu não sabia muito bem como deveria lidar com aquilo
tudo. Assim como foi desde o começo.
Mas tava acontecendo e eu tava me permitindo sentir alguma coisa que finalmente
ia além das paixonites de sempre. Eu enfim havia desapegado daquele antigo
grande amor e deixado ele no passado, apenas como uma memória muito boa da qual
eu poderia me lembrar sempre que a coisa apertasse aqui dentro.
Eu havia aceitado o quanto cada coisa que ele fazia me afetava mais do
que eu gostaria de permitir e admitir, como cada um daqueles sorrisos quadrados
iluminavam o pior dos dias, o quanto o cheiro dele me deixava embriagado e me
tirava do chão, quanto o menor dos toques fazia o meu corpo se arrepiar inteiro
e como o menor dos gestos era capaz de colocar um pouco mais de cor no cinza
que os meus dias vinham sendo.
Ele havia vencido no final das contas, vencido uma batalha na qual eu era
o único que vinha lutando.
Eu perdi, mas isso não era necessariamente ruim.
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