Hoje
fui naquele lugar que costumávamos ir com teus pais lanchar quase todas as
noites. Lembrei da primeira
vez que você me levou ali.
Era
uma noite de terça e estávamos jogando videogame no teu quarto. Beijinhos aqui,
outros ali, vitórias minhas um pouco mais lá e teus pais perguntaram se a gente
queria sair pra comer alguma coisa.
Eu
fiquei sem jeito, como sempre, né? Mas, no fim, estávamos nós três ali: teus
pais, você e eu. Meu Santo Arcanjo, eu me sentia na maior enrascada do mundo!
Lembrei
que teu pai me perguntou se eu não queria um hambúrguer, afinal, era melhor que
um “simples queijo-quente”. Parece até que ouvi tua voz falando com um meio sorriso
nos lábios: “não, pai. Ele não come carne”.
—
Mas come pizza, come lasanha... – ele retrucou.
—
Ah, mas pra isso eu abro uma boa
exceção! – respondi.
E
nós rimos.
Quase
todas as noites eram assim e elas foram as melhores noites de qualquer outra
por mim já vividas. Eu me sentia em família.
Podíamos
ter todas as complicações do mundo, mas no final do dia era como se nada
tivesse acontecido, pois estaríamos sentados nós quatro, ou só nós dois naquela
mesa nos divertindo, rindo e aproveitando a companhia um do outro.
E você estaria
pedindo um queijo-quente e um suco de limão para mim com o sorriso mais lindo
do mundo nos lábios, o sorriso que era só meu.
